segunda-feira, 7 de maio de 2012

SABIAM QUE ....

SABIAM QUE ….
Os morangos mais saborosos de toda a Europa são de Trás-os-Montes?



Produtor de morangos de S. Pedro Velho

Pois é verdade meus caros, os melhores morangos que se produzem no velho continente são os de S. Pedro Velho, freguesia do concelho de Vinhais bem “lá em cima” em Trás-os-Montes.
Passo a explicar:
Os meus colegas de trabalho e companheiros motard Octávio Silva e Henrique Castro, aquele transmontano de nascença e este por “contágio” da esposa, organizaram um fim-de-semana cujo mote era “Passeio á Festa do Morango” e que compreendia, entre passear de moto pela região, dar a conhecer aquele evento tão importante para aquele lugar e pessoas.
Apesar das previsões meteorológicas serem as piores para o fim-de-semana, não pensei sequer nisso e, na sexta-feira, cerca das 16:15, “arranquei” de casa com destino a Rebordelo, localidade do concelho de Vinhais, onde estava já reservado o alojamento na Hospedaria com o mesmo nome da localidade.
Pelo IP3 até Viseu, prosseguindo pela A24, com uma pequena paragem na área de serviço de Castro D’Aire para secar as luvas !!!! … na zona de Viseu, chuva intensa fez abrandar o ritmo da viagem para uns prudentes 80-90 kms/h.
Nesta área de serviço, troquei algumas impressões com uns motociclistas espanhóis, Asturianos, também eles bem molhados, e que se dirigiam a Lisboa para ver o MotoGP …
Após abastecer a moto e o estômago com um “café e pastelinho”, cruzei-me à saída com um grupo de mais 4 motard’s, estes bem portugueses de Bragança, e que tinham o mesmo destino. Deram-me uma excelente notícia: “o tempo, lá para cima, está melhor”.
Animado com esta informação, prosseguiu-se viagem pela A24, … Vila Real onde ponderei tomar o IP4 até Mirandela (ainda bem que não o fiz pois as obras provocam demoras e fazem redobrar a atenção),mas acabei por seguir até Chaves onde aí sim, tomei a N103 para Vinhais.
Estrada lindíssima, que não me lembro de alguma ver ter percorrido, bem asfaltada e com pouco trânsito (pelo menos naquele fim de dia de 6ª feira …) sempre rodeada de belíssimas paisagens … a repetir com sol.
Os cerca de 40 kms de Chaves a Rebordelo foram feitos sem chuva e revelaram-se o suficiente para relaxar dos “140 da velocidade de cruzeiro” da A24 quase sempre debaixo de água.
E após 289 kms, eram 19:30, chegada a Rebordelo, onde fomos recebidos pela simpática D.Irene, proprietária da Hospedaria, do café, do restaurante, do supermercado ,… e ainda prima do Octávio …






Duas fotos da Hospedaria de Rebordelo

A Hospedaria de Rebordelo, moderna e bem agradável, com preços que já não se usam, está excelentemente situada, com piscina, … recomendo a visita pois pode muito bem servir para “base” de passeios por toda aquela região. Tem mesmo um espaço onde se movimentam em completa liberdade um pónei, patos, galinhas, etc… se tivesse filhos pequenos seria um local a ficar um destes dias.
A D.Irene tratou de nos arranjar o jantar e fomos surpreendidos por umas alheiras, uma posta de vitela acompanhada com batatas e legumes que reconfortaram (melhor, empanturraram !!!!) os nossos estômagos. Só os transmontanos sabem receber assim como ficará provado mais adiante nesta crónica.
Sábado, juntar-se-iam a nós cerca das 11:00, o Henrique, o Octávio e o Carlos Nadais, que vinham do Porto, e o João Lourenço que tinha vindo logo na 6º bem cedo, pelo que a manhã foi calma e pudemos tomar o pequeno almoço no restaurante, bem junto à Hospedaria, sem pressas e onde desfrutámos da amabilidade de todas as colaboradoras que, na altura já se movimentavam na azáfama da preparação dos almoços.
Do programa do passeio de sábado, constava uma visita a uma fábrica de enchidos tradicionais e fui até “Enchidos Aurélio”, logo à saída de Rebordelo, onde me encontraria com a rapaziada que lá iria ter connosco o que aconteceu alguns minutos depois da minha chegada.


Os "Enchidos Aurélio" que visitámos

 
O Sr. Aurélio, explicou-nos todo o processo de fabrico dos enchidos e pude perceber que não tem problemas de stock pois toda a produção é escoada sem dificuldade. Não se tratando de produtos gourmet são, no entanto, produtos elaborados de forma tradicional e com muita procura … pena não “passarem do Porto para baixo” sendo distribuídos pelas lojas da região e pelos melhores restaurantes do Porto.



O Sr. Aurélio nas explicações

O próprio Sr. Aurélio, é produtor de porcos de raça bísara, conhecidos pela qualidade da sua carne e que fazem dos seus presuntos e enchidos verdadeiras delícias. “Pastam” em liberdade junto á fábrica e tem um efectivo de cerca de 100 animais.




Carnes já desmanchadas e temperadas para cozinhar e fazer as deliciosas alheiras
O fumeiro, explicou-nos, é feito apenas com madeira de carvalho de modo a que os enchidos não fiquem com cheiro dos fumos característicos do pinho e eucalipto, por exemplo, que desvirtuariam o sabor e o aroma das carnes.





Nos fumeiros de lenha de carvalho


Presuntos de porco bísaro em secagem

Presenteou-nos com um “mata-bicho” de pão de lenha e um salpicão “do outro mundo”, e com vinho de sua produção … eram cerca de 12:00 e ainda tínhamos que nos dirigir a Torre de D. Chama onde estava previsto almoçar na Padaria Santo !!!



Despedimo-nos combinando nova visita para domingo de manhã antes do regresso para levar uns enchidos e fomos até Torre de D.Chama, passando por S.Pedro Velho onde o Henrique foi buscar á adega 2 garrafões de vinho (mais vinho !!!!) para acompanhar o almoço.
Entretanto, tinham-se juntado a nós uns companheiros do Moto Clube de Vinhais que quiseram estar connosco neste dia, … malta rija e com “bom dente” prás buchas… eheheheh.



Eu próprio, O Bruno "Triple", Pinto, Octávio, João e Lino

Na padaria, a D.Idalina tinha preparado um leitão no forno do pão, com umas batatas assadas a lenha que nem vos conto !!! ..,. maldita dieta… nunca mais há maneira de a começar ou, melhor dizendo, já a comecei várias vezes mas interrompo-a sempre ….



A D. Idalina a explicar como funciona o forno a lenha




"Espectáculo !!!!" .. como diz o gordo.. eheheheh



A "bolacha" no colete do Bruno, Presidente do MC Vinhais



Já bem comidinhos ... o Bruno, o Carlos Nadais, moi-même, e o Lino


Depois do almoço, voltámos a S. Pedro Velho, local central de todas as festividades da Feira e Festa do Morango, onde, na sua praça, se realizavam as cerimónias alusivas a este acontecimento.


Em redor da praça podiam ver-se os vários produtores de morango, expondo e vendendo os seus melhores exemplares, produtores de outros géneros da região de que destaco os licores de várias frutas, o mel, o queijo, os enchidos, …



Não só os morangos eram óptimos como a simpatia destas senhoras os
tornavam ainda mais  atraentes e melhores

E aqui, estas pequenas vendedoras de morangos que, na altura,
os ofereciam a quem quisesse ... umas queridas


Não podia faltar sabem o quê ???? … o vinho, pois tá claro !!!!

Os Gaiteiros de Leboção, localidade próxima de S. Pedro Velho

Alguns produtores da região tinham expostos os seus vinhos e estava disponível a sua prova mediante a aquisição dumas senhas. Começámos numa ponta e, já com grandes e evidentes dificuldades, acabámos na outra ,… pelo menos é o que eu acho que foi … como diria o Prof. José Hermano Saraiva, “Meus amigos … nham nham … ao fim de 3 ou 4 copos de diferentes vinhos, já nem sabia qual tinha sido o primeiro” …. Eheheheh.
O tempo foi nosso amigo e, se choveu, nem demos conta … ehehehehe





E a malta do Moto Clube de Vinhais tem cá uma “vasilha” e uma “embocadura” que nem vos conto !!!. O Pinto, o João, o Jonas e o Triple, bons camaradas que nos acompanharam sempre bem dispostos.



Nesta foto, de fato e gravata,o Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Carlos Pires, que amavelmente recebeu toda a comitiva.

Do programa constava uma actuação do Grupo de Gaiteiros de Leboção, localidade próxima de S. Pedro Velho, da qual gravei uns momentos. A minha sensibilidade musical, já um pouco debilitada naquela altura, conseguiu ainda reconhecer sonoridades tradicionais que me encantaram. Parabéns ao grupo de gaiteiros pelas suas músicas e respeito pela tradição galaico-transmontana.
O Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Carlos Pires, que amavelmente nos recebeu, tratava de toda a organização da feira com a eficiência de autarca já experimentado e, acredito, seja pessoa estimada e respeitada por todos dada a forma como todas as pessoas se lhe dirigiam.

Quem conhece Trás-os-Montes sabe que as suas gentes são acolhedoras e disponíveis … eu nunca tinha tido uma experiência assim … se eu dissesse que sim a tudo o que me ofereciam, ainda hoje lá estava a mastigar e a beber… chiça !!!


Bem, o dia acabou com um jantar oferecido pelo Presidente da Junta, no salão-convívio de S. Pedro Velho, ao que julgo saber, uma obra da população e contíguo ao qual está a ser construído um lar-centro de dia. Um exemplo de como as pessoas, com sentido de união, conseguem realizações que, noutros sítios, não são possíveis.

O Octávio ofereceu ao Sr. Presidente da Junta de Freguesia uma lembrança do MotoClube do BCP ... aqui o registado momento


Estes companheiros estavam ainda a decidir se haveriam de ir embora ou não ...


A Tuna de Mirandela

Já bem de noite e, após a actuação duma Tuna de Mirandela, regressámos á Hospedaria para descansar o corpo que a alma, essa, estava bem desperta e capaz de ficar ali mais umas horas.
Como o João Lourenço tinha que regressar bem cedo no domingo para ir ver o cortejo da Queima das Fitas a Coimbra, decidimos regressar á Hospedaria cerca das 23:30, tendo ainda ficado na festa o Carlos Nadais, o Octávio e o Henrique, que haveriam de chegar algum tempo depois …. nós chegámos sem problemas mas eles tiveram um pequeno percalço com a Varadero do Carlos … ao que me contaram, um fortíssimo e inesperado golpe de vento, vindo sabe-se lá de onde, mesmo à entrada da Hospedaria, fê-la tombar, felizmente sem estragos de monta e ninguém se magoou.
Ainda cá estou a pensar … como é que a “malta de Vinhais” deu com o caminho para casa !!!



De S. Pedro Velho pode ir-se para todos estes lugares ...

De manhã … o pequeno almoço do costume … mesa cheia.
Passámos pela fábrica de enchidos para levar o que conseguimos carregar e dirigimo-nos às Minas da Ervedosa, também conhecidas por Minas do Tuela, nome do rio que ali passa por entre elevadas escarpas que vai sulcando desde Espanha entre curvas acentuadas.


A caminho das Minas da Ervedosa



O Rio Tuela


Ponte sobre o Rio Tuela


As primeiras referências a estas minas datam de 1857, sendo de 1908 a sua primeira concessão a uma sociedade belga para extracção de arsénio e estanho. No entanto, há alguns historiadores que afirmam que os Romanos já tinham toda aquela região sob os seus interesses por saberem da existência de importantes jazidas  de estanho.


Em 1917 a empresa abandonou os trabalhos e foi substituída por uma sociedade inglesa, Tuela Tim Mines que, nomeadamente em 1920, realizou importantes obras para a sua exploração. Construiu mesmo um gerador eléctrico no rio que alimentava um compressor que abastecia de ar toda a mina. Apesar disso, em 1927 voltou a encerrar a sua exploração que, cerca de um ano depois, foi adquirida por antigos funcionários que a mantiveram em funcionamento por aproximadamente mais 10 anos.
No seu auge de produção, as minas empregaram mais de 1000 operários, tendo, inclusive, sido construído um posto da GNR que servia, principalmente, para controlar os sindicatos operários nascentes.
Entre 1958 e 1969 a exploração fez-se dominantemente a céu aberto estando, desde então, encerradas. Em 2007, foram realizados alguns trabalho de exploração, mais uma vez por uma empresa inglesa, aguardando-se decisões sobre o investimento desta.
Visitámos, no alto dum monte do qual se avista toda a zona mineira, o túmulo do último Bennet, Carlos Lindley, família proprietária das minas, que morreu num acidente de aviação.


O túmulo do inglês como é conhecido

Era proprietário duma avionete em que se deslocava, tendo construído um pequeno campo de aviação, hangar e um campo de futebol, com bancadas, que servia apenas para a família e alguns convidados.

Aspecto das minas a céu aberto

Mais informações sobre as Minas da Ervedosa em:
Prosseguimos viagem para a visita ao santuário de N.S. da Serra, a cerca de 5 kms de Bragança.
Neste monte, estão instalados vários equipamentos da Marconi, ainda em funcionamento e de que destaco uns enormes reflectores de sinal que se vêm bem ao longe, recortando a paisagem.





No cimo do monte, para além da óbvia construção religiosa, existem “dormitórios” que são utilizados por peregrinos que ali pernoitam nos dias da festa.
Abastecemos em Bragança já cerca das 13:00 e a fome já começava a fazer-se sentir … o almoço estava programado para perto de Mirandela e, primeiro pelo IP4 e depois pela N15, passámos por Jerusalém do Romeu … fiquei curioso com esta localidade e, logo decidi que, a seguir ao almoço, voltaria atrás para tirar algumas fotos.
O almoço na Toca da Raposa, posta mirandesa servido pela simpática Manuela, estava delicioso e foi “à burguesa” … cerca de 2 horas para almoçar, fumar cigarros, cigarrilhas e charutos … muitíssimo bom.


Enquanto o Henrique, Octávio e Carlos fumavam ou bebiam mais qualquer coisa, fui então de regresso a Jerusalém do Romeu para as fotos que tinham ficado prometidas.




A escola primária com a curiosa inscrição
"Aqui aprende-se a ser útil à Pátria"


A velha ponte do caminho-de-ferro da linha do Tua, perto de Mirandela


Uma passagem de nível na desactivada linha do Tua,
em Jerusalém do Romeu

De regresso, o Henrique despediu-se pois tinha que chegar ao Porto mais cedo e nós fomos até á cidade de Mirandela para mais uma “aguinha” na esplanada junto ao Tua que, para quem não sabe, resulta da junção dos rios Tuela e Rabaçal a cerca de 4 kms a norte daquela cidade.
Bem… despedidas feitas, prosseguimos pelo IP4 até que em Vila real nos separámos: eu para a  A24 em direcção a Viseu e os resistentes Octávio e Carlos no sentido do Porto.
Em jeito de conclusão posso afirmar com toda a certeza que todos os participantes tiraram a maior satisfação deste fim de semana em que o S. Pedro colaborou não dando qualquer crédito às previsões meteorológicas, na forma fantástica como fomos recebidos por aquelas gentes que fazem das suas casas as nossas casas e ainda porque tivemos a oportunidade de visitar locais extraordinários  porque estávamos acompanhados por “filhos-da-terra” que sabem ser cicerones como muito poucos.
Dos melhores fim-de-semana de que me lembro …



Aqui o vídeo das fotos ...



Ou se preferirem ver no Youtube ... Clicar Aqui




E aqui o vídeo do ... bem .. dos vídeos "prontos" ...

AQUI o link das fotos no Picasa para quem quiser "piratear"...




4 comentários:

  1. São os bons momentos que nos fazem ter força para enfrentar os maus. Que tenhas mais momentos assim! E agora toca a fazer enchidos, será que aprendes-te? ehehehe.
    Óoooooooo...os malandros do Youtube bloquearam-te o vídeo. Beijinho

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  2. Só se for para ti. O vídeo das fotos, quando clico para ver aparece o seguinte: "Este vídeo contém conteúdo pertencente a SME e a EMI, o qual foi bloqueado por uma ou ambas as partes por motivos de direitos de autor.". Quando fui vê-lo no Youtube dizia a mesma coisa...Deve ter a ver com a música que colocaste...resolve o mistério...gostava de ver o vídeo, "né"?

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